EMANUELE & OLINALDA - LA VITA È L´ARTE DELL´INCONTRO

A VIDA É A ARTE DO ENCONTRO

Wednesday, June 28, 2006

VINICIUS DE MORAES



Il Brasile è la mia seconda patria! Perché ho sposato una figlia di questa meravigliosa terra caratterizzata da una natura prorompente, efficacemente sintetizzata nei colori della sua bandiera.
Verde: le foreste più vaste del mondo;
Giallo: il sole tropicale;
Blu: il Cruzeiro do sul (Croce del sud) nel cielo notturno: gruppo di cinque stelle che, nell'emisfero australe, è il riferimento celeste come da noi la Stella polare.

Tradução para parentes e amigos brasileiros : O Brasil é a minha segunda patria! Porque casei com uma filha dessa maravilhosa terra que tem uma natureza magnifica muito bem sintetizada nas cores da sua bandeira. Verde: as majores florestas do mundo inteiro; Amarelo: o sol tropical; e enfim o Cruzeiro do Sul no Azul do ceu: grupo de 5 estrelas que, no emisferio Sul, é o referencial no ceu assim como aqui é a Estrela polar.


E per omaggiare il Brasile voglio parlare di colui che, a mio avviso, è il più grande poeta brasiliano:

Vinicius De Moraes


Vinicius de Moraes nasce a Rio de Janeiro, il 19 Ottobre del 1913. Suo padre amava recitare versi e sua madre suonava la chitarra nelle riunioni di famiglia. Il figlio segue entrambe le vocazioni: come musicista, compone la sua prima canzone con i fratelli Tapajòs, quando ancora è alle superiori; come poeta, mentre studia nella facoltà di Legge, pubblica il suo primo libro: O Caminho para a Distância. Vinicius è molto ammirato da Giuseppe Ungaretti (massimo traduttore italiano della sua opera ), che lo conosce nel 1936 a São Paulo, a casa di Carlos Drummond de Andrade. Diceva di lui Ungaretti: «La lontananza, l'assenza, una malinconia, crollo e inabissarsi, eppure rimasta a galla quasi lieve nebbia, velatura appena distinguibile, tale è, nonostante attorno imperversi solleone, la fonte di ispirazione della poesia di Vinicuis, è una sensualità, una sensualità che lo svincola da tutto, da se stesso, che l'immedesima, amando, nell'altra persona...». Laureatosi, intraprende la carriera diplomatica: a Los Angeles, dove è vice-console per cinque anni, comincia ad appassionarsi alla musica. Negli anni ’50 scrive, insieme ad Antonio Carlos Jobim, la trama del film musicale Orfeu da Conceição. Da allora comincia a collaborare con tutti i maggiori musicisti dell’epoca: da Pixinguinha a Carlos Lyra, da Baden Powell a Edu Lobo. Con il chitarrista Baden Powell crea l'afrosamba, con il disco Os afro sambas, recuperando la magia e l'ambiguità dalla macumba al candomblè. Assieme a Jobim, diviene in breve il guru della bossa nova: i due compongono fra l’altro l’immortale Garota de Ipanema e A felicidade. Nell’agosto del 1962, tiene il suo primo grande show, al nightclub Bon Gourmet, con Tom Jobim e João Gilberto.
Abbandonata la carriera diplomatica (Nel 1957 entra a far parte della delegazione del Brasile all' U.N.E.S.C.O), Vinicius diviene ciò che aveva sempre desiderato essere: poeta e cantante. I suoi spettacoli sono momenti indimenticabili, in cui si alternano canzoni, aneddoti, poesie, musica.
Negli ultimi dieci anni della sua vita, instaura un sodalizio con il giovane Toquinho, con cui viaggia moltissimo in tutto il mondo, riscuotendo un caloroso successo internazionale, specie in Argentina e in Italia. Memorabili le «scorribande» notturne per strade e locali di Roma negli anni '60 con il vecchissimo amico Ungaretti che, ottantenne, non si nega neppure qualche spinello, oltre all'amore con la giovane poetessa brasileira Bruna Bianco. Nel 1976 Vinicius incide con Toquinho e Ornella Vanoni un magnifico LP intitolato La voglia, la pazzia, l'incoscienza, l'allegria. Nel 1979, durante il volo di ritorno da un viaggio in Europa, è colpito da emorragia cerebrale. Muore a Rio de Janeiro il 9 luglio del 1980.




Vinicius De Moraes con Antonio Carlos Jobim, con il figlio ed una delle sue 8 mogli e con la cantante Maria Creuza







La «sensualità» della poesia di Vinicius è ben percepibile in una delle sue poesie più note:


Soneto do amor total
Amo-te tanto meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te enfim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

La «saudade» e l'amore per la propria patria, si evincono chiaramente in un'altro celebre componimento:

Patria minha
A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria.
Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.
Se me perguntarem o que é a minha pátria direi: Não sei.
De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.
Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias pátria minha T
Tão pobrinha!
Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus! Tenho-te no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.
Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu...
Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda... Não tardo!
Quero rever-te, pátria minha, e para
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.
Pátria minha...
A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra E urina mar.
Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamem
Que um dia traduzi num exame escrito:
"Liberta que serás também" E repito!
Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.
Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha Brasil, talvez.
Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
«Pátria minha, saudades de quem te ama... Vinicius de Moraes »

Stupenda e graffiante la critica all'edonismo della società moderna - che sottoscrivo totalmente - contenuta nella poesia

O dia da criação

I
Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas como o mar
Em bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na cruz para nos salvar.
Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por vias das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo o mal.
Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguem bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.
Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.


II
Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado
Há um divórcio e um violamento
Porque hoje é sábado
Há um homem rico que se mata
Porque hoje é sábado
Há um incesto e uma regata
Porque hoje é sábado
Há um espetáculo de gala
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado
Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado
Há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado
Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado
Há um grande espírito de porco
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado
Há criançinhas que não comem
Porque hoje é sábado
Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado
Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado
Há uma tensão inusitada
Porque hoje é sábado
Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado
Há um vampiro pelas ruas
Porque hoje é sábado
Há um grande aumento no consumo
Porque hoje é sábado
Há um noivo louco de ciúmes
Porque hoje é sábado
Há um gardem-party na cadeia
Porque hoje é sábado
Há uma impassível lua cheia
Porque hoje é sábado
Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado
Há umas difíceis outras fáceis
Porque hoje é sábado
Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado
Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado
Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é sábado
Há um frenesi de dar banana
Porque hoje é sábado
Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado
Há a comemoração fantástica
Porque hoje é sábado
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado
E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado
Há a perspectiva de domingo
Porque hoje é sábado

III
Por todas essas razões deverias ter sido riscado do Livro das Origens, ó Sexto Dia da Criação.
De fato, depois da Ouverture do Fiat e da divisão de luzes e trevas
E depois, da separação das águas, e depois da fecundação da terra
E depois, da gênese dos peixes e das aves e dos animais da terra
Melhor fora que o Senhor das Esferas tivesse descansado.
Na verdade o homem não era necessário
Nem tu, mulher, ser vegetal, dona do abismo, que queres com as plantas, imovelmente e nunca saciada
Tu que carregas no meio de ti o vórtice supremo da paixão.
Mal procedeu o Senhor em não descansar durante os dois últimos dias
Trinta séculos lutou a humanidade pela semana inglesa
Descansasse o Senhor e simplesmente não existiríamos
Seríamos talvez pólos infinitamente pequenos de partículas cósmicas em queda invisível na terra.
Não viveríamos da degola dos animais e da esfixia dos peixes
Não seríamos paridos em dor nem suaríamos o pão nosso de cada dia
Não sofreríamos mares de amor nem desejaríamos a mulher do próximo
Não teríamos escola, nem serviço militar, casamento civil, imposto sobre a renda e missa de sétimo dia.
Seria a indizível beleza e harmonia do plano verde das terras e das águas em núpcias
A paz e o poder maior das plantas e dos astros em colóquio
A pureza maior dos instintos dos peixes, das aves e dos animais em cópula.
Ao revés, precisamos ser lógicos, frequentemente dogmáticos
Precisamos encarar o problema das colocações morais e estéticas
Ser sociais, cultivar hábitos, rir sem vontade e até praticar amor sem vontade
Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto dia e sim no Sétimo
E para não ficar com as vastas mãos abanando
Resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança
Possivelmente, isto é, muito provavelmentePorque era sábado.

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